quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O bloção do PMDB

Nos últimos dias a grande mídia não para de falar do bloção do PMDB, ou seja, o acordo que o PMDB vez com outros partidos, geralmente partidos políticos pequenos, com o objetivo de aumentar seu poder de negociação junto a presidente eleita Dilma Rousseff. É uma espécie de renascimento do antigo centrão.

A grande impressa, juntamente com a elite do PT e o atual presidente da república, Lula, afirmam que o bloção do PMDB não passa de uma manobra oportunista para conseguir eleger o presidente da câmara de deputados, conseguir mais cargos públicos, mais dinheiro e coisas semelhantes. É claro que essa afirmação é verdadeira. Como disse o comentarista político Nivaldo Cordeiro: “o PMDB é uma confederação de oligarquias locais”. Oligarquias pragmáticas e populistas que desejam se perpetuar no poder e, por conseguinte, usufruir de todos os benefícios que o poder político pode trazer.

Entretanto, há uma questão que está ficando fora das discussões. O problema é que, de um lado, o PT também organizou o seu bloção – parece que formar bloção está na moda – composto, em sua essência, por partidos políticos de centro-esquerda, como, por exemplo, o PSB e o PTD. Na verdade o bloção que o PT formou é justamente para isolar o PMDB no congresso e, com isso, poder governar sozinho. O raciocínio da elite do PT é muito pragmático. Esse raciocínio pode ser sintetizado na seguinte proposição: “como somos todos esquerdistas e seguidores, de alguma forma, do marxismo, então podemos nos entender e criar um governo monolítico, ou seja, onde só a ideologia da esquerda exerça o poder”. Dentro dessa linha de raciocínio o PMDB está fora. Ele foi condenado, antes mesmo da posse de Dilma Rousseff, a ser um mero figurante dentro do plano de perpetuação no poder que o PT possui.

O PMDB é governado por uma elite de velhos e experientes políticos. Esses políticos querem exercer um poder pragmático, ou seja, dividir o poder político e se beneficiar com seus dividendos. No entanto, o mesmo PMDB sabe que o PT não é um partido democrático, que o PT não divide o poder com ninguém. O PT é um partido no estilo dos velhos partidos comunistas, onde só há um único partido e um único governante. Uma monarquia do partido e não mais a monarquia do rei. Dentro desse quadro o PMDB sabe que é preciso se articular, fazer pressão junto à elite do PT e a nova presidente, Dilma Rousseff. Caso contrário, o PMDB será engolido pela máquina centralizadora que é o PT.

Aqueles que criticam a formação de bloções estão corretos. Nada pior que grandes estruturas partidárias que só pensam em aumentar sua participação dentro do Estado. A política é curiosa e muitas vezes irônica. Neste caso, a ironia é que duas grandes estruturas de poder, o PT e o PMDB, terão que dividir o poder. Pelo menos neste caso, talvez – e é apenas um talvez – isso seja bom para o Brasil. O PT não poderá governar sozinho, como sempre desejou. Ele terá que dividir o poder. O PT não poderá ser o Senhor e o juiz da democracia e do povo brasileiro. Diante das aspirações totalitárias do PT, o bloção do PMDB emerge como sendo uma espécie de “poder moderador”, o qual poderá adiar e até mesmo enterrar a pretensão do PT de transformar o Brasil na Grande Cuba ou então na Coréia do Norte dos trópicos. Até o presente momento o bloção do PMDB foi a melhor forma de conter a sede de poder do PT.

Nenhum comentário: