sábado, 21 de março de 2009

Marketing ateu

Uma recente campanha publicitária internacional ganhou destaque nos principais jornais e revista do mundo. Essa campanha tem por objetivo fazer propaganda do ateísmo. A criadora dessa campanha é a jornalista da BBC de Londres Ariane Sherine.

Segundo Ariane Sherine o objetivo da campanha é tranqüilizar os ateus. É como se a campanha falasse: “Se você é ateu fique tranqüilo, porque ser ateu é a melhor coisa que existe”. Logo após o lançamento da campanha milhares de ONGs ateístas, cientistas e personalidades do mundo da cultura e da política fizeram declarações apoiando o que ficou conhecido como Marketing ateu.

O marketing ateu não é novo. Desde o século XVIII que o ateísmo é propagado dentro das elites ocidentais. A partir desse século ser ateu deixou de ser uma opção individual e tornou-se uma questão ideológica. Com o passar do tempo a ideologia do ateísmo tornou-se quase que obrigatória em outros grupos sociais como, por exemplo, a classe média. No século XX o ateísmo passou a ser algo compulsório, obrigatório. Não ser ateu, ou seja, crer em Deus é motivo de discriminação e de piada. Qual é o estudante (seja universitário ou secundarista) que na primeira semana de aula não se deparou com alguma forma de doutrinação ateísta? Qual é o jovem universitário ou o profissional liberal que, ao longo de sua formação profissional, não foi obrigado a ouvir repetidamente (uma espécie de mantra) expressões como “Deus morreu”, “Deus é um produto do machismo”, “Deus é uma criação da Idade Média”, etc?

A atual campanha publicitária internacional que procura convencer as pessoas que acreditam em Deus que ser ateu não é apenas uma opção individual – garantida pelo Estado de direito –, mas a melhor condição que o ser humano pode exercer não é exatamente uma novidade publicitária.

Entretanto, existem três pontos que chamam atenção nessa campanha.

O primeiro ponto é que ela partiu de uma jornalista da BBC de Londres. Qualquer jornalista tem direito de livremente expressar suas convicções ideológicas. Inclusive a jornalista Ariane Sherine. O problema é que essa campanha deixa bem claro algo que a tempos vem sendo denunciado, ou seja, que os grandes grupos jornalísticos do mundo ocidental são oficialmente contra qualquer forma de religião. Faz parte da cultura ocidental contemporânea ser ateu e ver qualquer demonstração de fé religiosa como algo atrasado e superado. A questão é que até pouco tempo atrás os meios de comunicação disfarçavam essa visão preconceituosa. Agora é diferente. Os meios de comunicação propagam abertamente o ateísmo como forma superior de organização social. O discurso de que a mídia é democrática caí por terra. Uma mídia que escolhe abertamente a ideologia do ateísmo como forma superior de vida e discrimina os grupos sociais que acreditam em Deus é tudo menos democrática.

O segundo ponto é a quase total ausência do debate em torno da religião nos meios de comunicação. Manda a boa regra da democracia que ao se dá espaço a um grupo social deve-se ouvir o outro lado. No caso do ateísmo é diferente. A opinião desse segmento social reina absoluta. Nenhuma religião é ouvida. Nenhum setor ou líder religioso é convocado para opinar sobre a existência de Deus. Vivemos num totalitarismo. A questão é que esse totalitarismo é feito pelo ateísmo.

O terceiro ponto é o caráter de educação para o ateísmo. A questão é que a mídia, a publicidade, a universidade, a ciência, o Estado e outros segmentos sociais educam as pessoas para serem ateus. Até aí nada de errado. O problema é que numa sociedade verdadeiramente livre e democrática o outro lado da moeda deveria ser ouvido. Que um professor ou um jornalista vá a público propagar os benefícios do ateísmo não é problema. O problema é não ser dado o direito das religiões defenderem ou explicarem a existência de Deus.

Na sociedade contemporânea livros, revistas, programas de TV e políticas geridas pelo Estado propagam oficialmente o ateísmo. Ser ateu está na moda. O problema é que quase não há qualquer citação da existência de Deus. E quando isto é feito é sempre pelo “olhar” do ateísmo, ou seja, afirma-se que Deus não existe ou está morto.

Por fim, é preciso perguntar: se os ateus foram capazes de criar uma das maiores ideologias do mundo, ou seja, o ateísmo, e propagar essa ideologia em quase todos os segmentos sociais, então porque os crentes e as religiões não fazem o mesmo? Talvez seja tempo das religiões pensarem em criar um marketing de Deus para propagar a existência de Deus e demonstrar que crer em Deus não significa infelicidade, submissão e sofrimento, mas, pelo contrário, significa uma possibilidade concreta de realização pessoal.